segunda-feira, 13 de outubro de 2014


Se você tivesse chegado antes, eu não teria notado. Se demorasse um pouco mais, eu não teria esperado. Você anda acertando muita coisa, mesmo sem perceber. Você tem me ganhado nos detalhes e aposto que nem desconfia. Mas já que você chegou no momento certo, vou te pedir que fique. Mesmo que o futuro seja de incertezas, mesmo que não haja nada duradouro prescrito pra gente. Esse é um pedido egoísta, porque na verdade eu sei que se nada der realmente certo, vou ficar sem chão. Mas por outro lado, posso te fazer feliz também. É um risco. Eu pulo, se você me der a mão.
-Veronica H-

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Semana passada liguei pro meu melhor amigo e convidei para um cinema. A gente não se falava desde o ano novo, quando tudo deu errado pro nosso lado. De tempos em tempos sumimos, falamos umas coisas horríveis de quem se conhece demais. Ele topou desde que fosse daqui pra frente, preguiça de conversar da briga e tal. E fomos. Cheguei antes, comprei. Ele chegou depois, comprou água. Porque eu comprei os ingressos, ele comprou também uns doces e disse que pagaria o estacionamento. Porque ele pagaria o estacionamento, eu disse que daria a carona da volta. E com meu coração tão calmo eu voltei a sentir o soninho de sofá de casa com manta que sinto ao lado dele. A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tivemos nossos tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente. Mas evoluímos para esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala “ah, enjoei, ela era meio sem assunto” e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo “ah, ele não entendeu nada” e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase dez anos. Somos pra sempre. Ele conta do filme que tá fazendo, eu do livro. Os mesmos há mil anos. Contar é sem pressa de acabar. Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa. São dez anos. É isso. Ele me viu de cabelo amarelo enrolado. Eu lembro dele gordinho e mais baixo. Eu já fui bem bonita numa festa só porque ele queria me fazer de namorada peituda pra provocar a ex. Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes. Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo. E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados "alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor" e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra". E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica.

Tati Bernardi-

quarta-feira, 28 de maio de 2014


“Se apaixonar é normal". Normal é tomar uma xícara de chocolate quente em dias frios, é correr na chuva em uma tentativa falha de não se molhar. Normal é quebrar um braço, rir até chorar ou beber até cair. Se apaixonar é loucura.”
— Carpejar.

segunda-feira, 31 de março de 2014



Se eu demorar, me espera, se eu te enrolar, me
Empurra
Se eu te entregar, aceita, se eu recusar, me surra
Se eu sussurrar, escuta, se eu balançar, segura
Se eu gaguejar, me entende, se eu duvidar, me jura
Se eu for só teu, me tenha, se eu num for, me larga
Se eu te enganar, descobre, se eu te trair, me flagra
Se eu merecer, me bate, se eu me mostrar, me veja
Se eu te zoar, me odeia, mas se eu for bom, me beija
Se tu tá bem, eu tô, se tu num tá, também...
Não tô legal, não tô, pergunto o quê que tem
Tu diz que tá tranquila, mas eu sei que tu num tá
Tu tá bolada filha, vamo desembolar
Se eu te amar, me sente, se eu te tocar, se assanha
Se eu te olhar, sorria, se eu te perder, me ganha
Se eu te pedi, me da, se for brigar, pra que?
Se eu chorar, me anima, mas se eu sorri é por você

 - Projota -

quinta-feira, 13 de março de 2014


mais se quiser desabafar fica a vontade, mas com toda essa
Saudade eu nem vou te deixar falar

-Projota-

domingo, 2 de março de 2014


— Ela queria outra coisa.
— Que coisa?
— Nem ela sabia. Repetia isso o dia inteiro: “Quero outra coisa, eu quero encontrar outra coisa”.
(Caio Fernando Abreu In Onde Andará Dulce Veiga?)

domingo, 16 de fevereiro de 2014

"Eu tenho uma psicologia muito frágil — simplesmente não quero me envolver em historinhas sujas como essa. Prefiro cair fora."

(Caio Fernando Abreu)


"Eu gritava Senhor de Toda Luz e de Tudo que Existe, dai-me Força, Fé e Luz."

(Caio Fernando Abreu. )
Conto para você, porque não sei ser senão pessoal, impudico, e sendo assim preciso te dizer: mudei, embora continue o mesmo. Sei que você compreende.

(Caio Fernando Abreu.)


"Mas dirás assim, por exemplo, como você sabe, a gente, as pessoas infelizmente tem, temos, essa coisa, as emoções, mas te deténs, infelizmente? o outro talvez perguntaria por que infelizmente? então dirás rápido, qualquer coisa como seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas, infelizmente, insistirás, infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos – emoções."

(Caio Fernando Abreu)

domingo, 2 de fevereiro de 2014


Hoje eu queria alguém que me dissesse que eu não precisava me preocupar — como no Last Picture Show— um ombro, uma mão. Desculpe tanta sede, tanta insatisfação. Amanhã, amanhã recomeço. 
(Caio Fernando Abreu, carta a Vera Antoun)

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014


Não sou boa com números. Com frases-feitas. E com morais de história. Gosto do que me tira o fôlego. Venero o improvável. Almejo o quase impossível. Meu coração é livre, mesmo amando tanto. Tenho um ritmo que me complica. Uma vontade que não passa. Uma palavra que nunca dorme. Quer um bom desafio? Experimente gostar de mim. Não sou fácil. Não coleciono inimigos. Quase nunca estou pra ninguém. Mudo de humor conforme a lua. Me irrito fácil. Me desinteresso à toa. Tenho o desassossego dentro da bolsa. E um par de asas que nunca deixo. Às vezes, quando é tarde da noite, eu viajo. E - sem saber - busco respostas que não encontro aqui. Ontem, eu perdi um sonho. E acordei chorando, logo eu que adoro sorrir... Mas não tem nada, não. Bonito mesmo é essa coisa da vida: um dia, quando menos se espera, a gente se supera. E chega mais perto de ser quem - na verdade - a gente é.

Fernanda Mello